Reciclagem de pneus de mineração reduz impacto ambiental e gera benefícios econômicos

10/12/2025
Reciclagem de pneus de mineração reduz impacto ambiental e gera benefícios econômicos

A reciclagem de pneus de mineração, conhecidos como “gigantes de borracha”, está transformando um problema ambiental em oportunidades econômicas no Brasil. Pesando toneladas e levando até 600 anos para se decompor, esses pneus outrora descartados irregularmente agora alimentam indústrias e constroem rodovias mais duráveis, graças a políticas de logística reversa e inovação industrial.

De acordo com a Reciclanip, entidade da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), cerca de 450 mil toneladas de pneus são descartadas no país anualmente. Com a implementação da Resolução CONAMA nº 416/2009, fabricantes, importadores e mineradoras passaram a ser responsáveis pela destinação ambientalmente correta dos pneus inservíveis, criando uma cadeia de valor robusta e sustentável.

Borracha que gera energia para a indústria do cimento

Uma das principais rotas de valorização da borracha dos pneus de mineração é a produção de Combustível Derivado de Pneus (CDP). Nesse processo, os pneus são triturados em chips de borracha, que alimentam fornos de cimenteiras operando a até 2.000°C. O processo garante a destruição completa dos resíduos e aproveita os componentes inorgânicos no clínquer, matéria-prima do cimento.

O CDP oferece alto poder calorífico, muitas vezes superior ao do carvão, e reduz custos e a pegada de carbono das cimenteiras. Para a indústria de reciclagem, o setor cimenteiro representa um cliente de grande volume, garantindo a viabilidade econômica da operação.

Asfalto-borracha melhora rodovias e segurança viária

A segunda rota de aproveitamento transforma pneus em asfalto-borracha. O pó de borracha é incorporado ao ligante asfáltico, aumentando a durabilidade das rodovias em cerca de 40%, além de reduzir trincas, buracos e ruído. Minas Gerais é referência no país, com o uso de asfalto-borracha saltando de 1.107 toneladas em 2020 para 40.115 toneladas em 2024, removendo mais de 1,6 milhão de pneus do meio ambiente.

Apesar do custo inicial cerca de 30% maior que o do asfalto tradicional, a economia de manutenção a longo prazo e o aumento da segurança justificam o investimento, mostrando o impacto positivo da borracha reciclada na infraestrutura.

Economia circular: borracha, aço e receita

O modelo de reciclagem dos pneus OTR se sustenta em três pilares: taxas de recebimento pagas por mineradoras, venda do CDP ou pó de borracha para asfalto, e a comercialização do aço extraído, que pode representar até 25% da composição do pneu. Essa diversificação garante que a operação continue lucrativa mesmo diante da volatilidade de preços de commodities.

A trajetória dos pneus de mineração no Brasil ilustra na prática os princípios da economia circular. A borracha agora gera energia, pavimenta rodovias mais resistentes e movimenta uma cadeia econômica milionária, unindo sustentabilidade, inovação e desenvolvimento industrial.


Fonte: Click, Petróleo e Gás

Imagem: IA/Gemini

Voltar
Patrocinadores Parceiros

Newsletter ABTB